• Macapá-AP, Segunda, 23 de dezembro de 2024.

Leia a Notícia

  • Home
  • Leia a Notícia
Suicídio: um ato complexo

Suicídio: um ato complexo

É preocupante a tendência crescente de mortalidade por suicídio no Brasil e o aumento dos índices em populações específicas. Entre 2010 e 2021, as taxas de mortalidade subiram 42%, passando para 7,5 suicídios por 100 mil habitantes. Em 2021, mais de 15.500 pessoas morreram no país em decorrência do suicídio, o que significa uma morte a cada 34 minutos, de acordo com o Ministério da Saúde. Os dados oficiais mostram aumento dos índices na população mais jovem e entre os povos indígenas.

Durante a Assembleia da Organização Mundial da Saúde, em 2013, o Brasil aprovou um acordo de redução da taxa de suicídio em 10% até 2020. Dessa data até então, como o tema foi tratado? Como as ações foram dirigidas para as populações com maior taxa de suicídio, aquelas que elevam a taxa nacional de mortalidade? Não encontramos respostas que permitam uma conclusão sobre o impacto das ações no comportamento suicida da população nesse período, inclusive porque o problema não foi considerado prioritário e, portanto, suas ações, mesmo quando realizadas, não foram coordenadas dentro de uma proposta estratégica.

Por isso, a Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS) chama a atenção das autoridades federais para a urgência em reativar o Comitê Gestor responsável pela implantação da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Criado em 2020, o comitê foi dissolvido há um ano e meio para designação de nova composição – após a mudança na gestão federal –, o que até agora não ocorreu. Sem um comitê gestor funcionando, atrasamos ainda mais a implantação de ações planejadas e duradouras, embasadas cientificamente e com dotação orçamentária.

A formação de Comitês locais, municipais ou regionais, pode constituir experiências de organização na sociedade em torno de um problema que a impacta. É importante a participação de associações diversas de profissionais e comunitárias, forças de segurança, instituições religiosas, associações de sobreviventes enlutados e todos que queiram participar, motivadas pelo problema do suicídio em um determinado ambiente.

A prevenção do suicídio exige ações coordenadas em várias esferas. A quinta edição do Congresso Brasileiro de Prevenção do Suicídio reuniu recentemente mais de 700 pessoas para debater temas como as políticas públicas de prevenção, suicídio e envelhecimento, as novas tecnologias, prevenção no contexto escolar e o impacto nas populações indígenas. Precisamos falar de prevenção do suicídio o ano todo, não apenas no mês de setembro.

Sabemos que não é tarefa fácil e nenhuma sociedade, em tempo algum, conseguiu impedir todos os casos. Mas, se não todas, considerável porção de mortes pode ser evitada.

Por Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, médico e presidente da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS). www.abeps.org.br



📰 JORNAL O GUARANI - SEJA SEMPRE O PRIMEIRO A FICAR BEM INFORMADO! 📰
Receba notícias frescas diretamente no seu WhatsApp, inscreva-se no nosso canal de notícias agora! 📲👉 Link

Contribua. Comente!

O que achou desta notícia?




Watch Live

Live Tv
Author

Polical Topic

by Robert Smith