O futuro do cloud computing no Brasil
Como as tendências de cloud privado estão impulsionando o crescimento de empresas brasileiras no mercado de tecnologia
A adoção da tecnologia de cloud computing tem aumentado dentro das empresas devido às inúmeras vantagens que ela proporciona para os negócios. Como exemplo disso podemos destacar sua aplicação na infraestrutura de nuvem gerenciada; software como serviço para aplicações de negócios; plataformas de colaboração (e-mail, compartilhamento de arquivos e comunicação empresarial) e soluções de proteção de dados. Com o crescente número de ataques por ransomware, dentre as citadas, as soluções de proteção de dados estão entre as mais procuradas pelas empresas.
Com a evolução da oferta e da qualidade de acesso à Internet em território nacional, qualquer empresa estabelecida em centros urbanos tem possibilidade de utilizar esse tipo de sistema, o que já não ocorre talvez em companhias que estão em áreas remotas – como algumas pequenas indústrias do agronegócio, por exemplo. Partindo deste princípio, a adoção de nuvem está totalmente relacionada à maturidade tecnológica e ao momento de investimento de cada empresa do que propriamente a setores específicos da economia.
Segundo dados do estudo “Uso de TI nas Empresas”, elaborado pela FGV/EAESP, a computação em nuvem responde, em média, por 42% do processamento das organizações. Dentro das fases de uma empresa, podemos destacar: no início do negócio, na hora de planejar o reinvestimento ou atualizar o data center próprio ou durante o planejamento de expansão dos negócios.
A International Data Corporation (IDC), empresa de tecnologia, pesquisas e eventos que ativa e envolve os compradores de tecnologia mais influentes, aponta que, em 2024, o universo de dados no mundo ultrapassará 157 ZB, um montante que pode dobrar até 2027. E ainda: quase 25% deste volume já está na nuvem, que cresce com o dobro da velocidade em relação aos números atuais, segundo consultoria. A previsão da empresa é que as soluções de dados na nuvem — parte do chamado PaaS (ou plataforma como serviço) — somarão US$ 1,5 bilhão no Brasil neste ano e continuarão crescendo.
Isso vem acontecendo porque a nuvem simplifica o acesso à tecnologia pelas áreas de negócio. No modelo de contratação como serviço, os recursos estão disponíveis imediatamente sem necessidade de grandes estruturas de tecnologias próprias. Desta forma, novos projetos ou iniciativas podem ser lançados rapidamente com custo e risco operacional baixos. Além disso, por meio desse tipo de ferramenta, as empresas terceirizam recursos, permitindo que suas áreas de tecnologias direcionem as energias para atividades que trazem valor direto a suas operações de negócios.
Há alguns anos, os principais impeditivos para adoção de nuvem estavam relacionados à baixa oferta de conectividade e a desconfiança dos empresários em relação ao nível de serviço e segurança dos seus dados. Atualmente contamos com o consenso das pessoas em empresas de que a nuvem é mais segura do que as ferramentas locais, ou seja, a nuvem ajuda as empresas a se adequarem à LGPD.
Como uma grande parte destes dados é armazenada em formato eletrônico, ao hospedar seus sistemas em nuvem uma boa parte dos requisitos para adequação à LGPD são delegados ao provedor, simplificando um dos aspectos mais complexos e caros deste processo. Atualmente, os principais provedores nacionais estão em estágio de maturidade avançado em relação ao tratamento de dados pessoais.
Para que o estudo de investimento em nuvem possa fazer sentido é necessário levar em consideração os ganhos operacionais que a empresa passará a ter neste modelo, o que nem sempre é simples – por outro lado, são raros os casos de companhias que se adaptaram e voltaram atrás. Além disso, é importante ter um plano de evolução além da simples migração dos dados, pois uma boa parte dos ganhos vem da adoção de funcionalidades específicas que dependem de adequações de software ou de aspectos operacionais.
À medida que os provedores mundiais de hiperescala aumentam sua participação no mercado nacional, os provedores nacionais precisam manter um fluxo de investimento constante para manter seus serviços estáveis e tecnologicamente atualizados. Hoje, os principais provedores nacionais possuem performance, nível de serviço e funcionalidades básicas equiparáveis aos de hiperescala, com a vantagem de oferecer melhores preços e de controlar a operação de ponta a ponta, desde o relacionamento com o cliente até a operação dos equipamentos no datacenter.
Por outro lado, a capacidade de investimento e o ritmo de inovação tecnológica dos provedores mundiais é infinitamente maior, e em muitos casos, faz mais sentido criar uma estratégia de aliança com estes provedores do que encará-los como concorrentes. Uma forte tendência é criação de ofertas de multi-cloud, utilizando a melhor opção de infraestrutura de acordo com o projeto e as necessidades do cliente.
Devemos encarar a migração para a nuvem sob a ótica econômica, e não apenas financeira. Entender que ao adotar serviços de nuvem a empresa está terceirizando a um provedor especialista uma atividade que não é fim. Isso pode proporcionar algum desconforto com a perda de controle de áreas específicas, mas o empresário deve sempre se perguntar quanta energia a empresa está gastando para gerenciar algo que não é sua atividade, e considerar opções de terceirização que façam sentido para atingir os objetivos de seu plano de negócios.
Portanto, é importante compreender que nuvem não é a solução para tudo, mas sim uma alternativa que sempre deve ser considerada quando houver necessidade de ampliar a capacidade de infraestrutura. Da mesma forma, a migração para a nuvem não é uma ação pontual, e sim uma jornada que se inicia com a migração dos dados, mas que gera os maiores ganhos ao longo do tempo por meio da otimização dos sistemas e dos processos de negócio envolvidos.
Por Pablo Werneck, é Diretor de Negócios da Skymail, empresa destaque em serviços de e-mail corporativo, cloud computing e segurança digital.
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